segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Desnascer!

Só eu sei o que me custa viver nestas noites,
Tão intensamente escuras, longas, frias,
Cheias de situações ridículas
Desta nossa efémera imaginação,
Que chego a sentir em mil pedaços
Estes meus friáveis e insignificantes
Ossos! Que mais parece uma maldição,
O peito fica apertado e o meu corpo gelado,
Treme-me como nunca me tremeu o coração,
A pele extremamente fina rasga-se com um vulgar
Deslizar de afiada unha pela sua ténue camada de couro,
O cheiro da carne corrompida me enfatiza o sentimento de repúdio
Desta minha nefasta e sombria alma que absolutamente nada tem de ser,
Oh, metafísica de enjeitada e infinita crueldade!
Como venero o expor,
De transcendente,
Humanidade pervertida,
Quero por uma insólita vez!
Eu, quero por uma insólita vez desnascer!
Eu, só quero por uma insólita vez desnascer!
Sim, só quero por uma insólita vez desnascer!

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