terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Desabafo|

Maria, Margarida, Carlos ou Pedro são apenas nomes de um qualquer jovem entre muitos outros num mundo cada vez mais globalizado. Eu apenas me considero apenas mais um cheio de utopias que só o futuro desconhecido sabe se o são ou não. Hoje, vivemos uma crise económica mas, sobretudo uma crise de valores. Onde a perfeição do imediato impera, ter uma camisola de uma conhecida marca tem mais valor que um simples sorriso ao passarmos por alguém. Não nos dizem um olá por questão de educação, mas sim, pela camisola que vestimos. Olhando-se de lado para os restantes como se tivessem uma doença que pode ser transmitida pelo facto de olharmos e falarmos directamente com esses restantes, mas, se não falarmos e olharmos com profundo desprezo, somos imunes a essa doença. Vivemos com medo de falar, medo de não conseguir pagar a faculdade, medo de perder o emprego, medo de não conseguir emprego, no fundo, vivemos com medo do medo. A nossa grande crise é a fome na Ásia e em Africa, são os regimes autoritários por este mundo globalizado e de difusão da ideologia do medo. Crise foi a infância dos nossos pais ou são os subúrbios de uma qualquer cidade onde o tema de conversa pela falta de esperança no futuro é o Porto, o Sporting e o Benfica.

O problema são as pessoas não se sentirem integradas, úteis numa sociedade que somos todos nós. Com essa premissa todas essas pessoas são excluídas socialmente, seja por questões étnicas, físicas ou religiosas. É como perguntarem a um deficiente se sabe ler e o mesmo se pergunta do porque de não o poder saber. E, caso não soubesse o que mudaria numa sociedade que fosse de todos nós. Mas, a sociedade não é de todos nós num sentido laico de propriedade. A sociedade é elitista, snobe para com os mais fracos, por outras palavras vivemos um darwinismo social camuflado por um código de valores não cumprido. Falsos Deuses não sabemos. Se a morte for um sono sem sonhos, então a vida é o sonho e morremos por esse sonho. Para que igualmente outros o possam fazer. E o tudo a que se assiste em termos de violência, de terrorismo não será feito pelos socialmente excluídos. Morrer por quem não os excluí, por quem os fazem sentir úteis, morrer por uma causa. Talvez sim, talvez não. Estas palavras são opiniões sem valor numa sociedade que não é de todo de todos nós.

A Politica ajuda-nos a perceber os fenómenos sociais que todos os dias da nossa da vida interferem sem pedirem permissão para fazerem parte do nosso modesto quotidiano. Nos últimos tempos há um género de unanimidade de opiniões sobre o que se passa na nossa Sociedade, dizemos nossa Sociedade com sentido de propriedade. Opiniões essas, repletas de eufemismos para dizer o que para nós não passam de visões utópicas para fazer parecer uma realidade que não é real na sua modesta génese de acontecimentos reais. Quem manda não conhecemos, não votamos, não sabemos quem são, sabemos sim, que vivemos numa falsa democracia onde não conhecemos quem manda por estarem camuflados.

As opiniões ouvidas ou lidas, derivam todas para uma abrangente unanimidade em dizer que os problemas da sociedade são financeiros ou económicos. Esquecendo-se esses Senhores da opinião que nem todas as crises se resumem a crises financeiras ou económicas. A sociedade neste momento para além de uma crise financeira ou económica vive igualmente uma crise social, uma crise de valores ou porque não igualmente uma crise cultural. Nada se observa, nada se assiste, no fundo, nada acontece num pais que está parado, amarrado sem alternativas para se poder libertar desse mesmo nada que o prende numa fábula metafórica aos olhos de todos. Sendo que, as palavras não descrevem o que os olhos veem, mas sim o que a nossa Sociedade lhes mostra. Nada mais restando que apenas dizer sem o descrever, que insónias, noites em branco se tem. A posteriori, fazendo lembrar um livro de Fiódor Dostoiévski, cujo título se chama Noites Brancas, mas, no caso sem uma linda russa para nos curar as maleitas do pensamento. Num qualquer rio as águas percorrem o leito, para trás deixando as lembranças do tempo passado em inúmeras jornadas de efémeras complacências, as mágoas de todos nós transportadas por entre terras e labirintos. Na vida curta acompanhada por veredas desconhecidas, numa intensa escuridão de alma cheia, um simples sonhador. 

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