Maria, Margarida, Carlos ou Pedro são apenas nomes
de um qualquer jovem entre muitos outros num mundo cada vez mais globalizado.
Eu apenas me considero apenas mais um cheio de utopias que só o futuro
desconhecido sabe se o são ou não. Hoje, vivemos uma crise económica mas,
sobretudo uma crise de valores. Onde a perfeição do imediato impera, ter uma
camisola de uma conhecida marca tem mais valor que um simples sorriso ao
passarmos por alguém. Não nos dizem um olá por questão de educação, mas sim,
pela camisola que vestimos. Olhando-se de lado para os restantes como se
tivessem uma doença que pode ser transmitida pelo facto de olharmos e falarmos
directamente com esses restantes, mas, se não falarmos e olharmos com profundo
desprezo, somos imunes a essa doença. Vivemos com medo de falar, medo de não
conseguir pagar a faculdade, medo de perder o emprego, medo de não conseguir
emprego, no fundo, vivemos com medo do medo. A nossa grande crise é a fome na
Ásia e em Africa, são os regimes autoritários por este mundo globalizado e de
difusão da ideologia do medo. Crise foi a infância dos nossos pais ou são os
subúrbios de uma qualquer cidade onde o tema de conversa pela falta de
esperança no futuro é o Porto, o Sporting e o Benfica.
O problema são as pessoas não se sentirem
integradas, úteis numa sociedade que somos todos nós. Com essa premissa todas
essas pessoas são excluídas socialmente, seja por questões étnicas, físicas ou
religiosas. É como perguntarem a um deficiente se sabe ler e o mesmo se
pergunta do porque de não o poder saber. E, caso não soubesse o que mudaria
numa sociedade que fosse de todos nós. Mas, a sociedade não é de todos nós num
sentido laico de propriedade. A sociedade é elitista, snobe para com os mais
fracos, por outras palavras vivemos um darwinismo social camuflado por um
código de valores não cumprido. Falsos Deuses não sabemos. Se a morte for um
sono sem sonhos, então a vida é o sonho e morremos por esse sonho. Para que
igualmente outros o possam fazer. E o tudo a que se assiste em termos de violência,
de terrorismo não será feito pelos socialmente excluídos. Morrer por quem não
os excluí, por quem os fazem sentir úteis, morrer por uma causa. Talvez sim,
talvez não. Estas palavras são opiniões sem valor numa sociedade que não é de
todo de todos nós.
A Politica ajuda-nos a perceber os fenómenos sociais
que todos os dias da nossa da vida interferem sem pedirem permissão para
fazerem parte do nosso modesto quotidiano. Nos últimos tempos há um género de
unanimidade de opiniões sobre o que se passa na nossa Sociedade, dizemos nossa
Sociedade com sentido de propriedade. Opiniões essas, repletas de eufemismos
para dizer o que para nós não passam de visões utópicas para fazer parecer uma
realidade que não é real na sua modesta génese de acontecimentos reais. Quem
manda não conhecemos, não votamos, não sabemos quem são, sabemos sim, que
vivemos numa falsa democracia onde não conhecemos quem manda por estarem
camuflados.
As opiniões ouvidas ou lidas, derivam todas para uma
abrangente unanimidade em dizer que os problemas da sociedade são financeiros
ou económicos. Esquecendo-se esses Senhores da opinião que nem todas as crises
se resumem a crises financeiras ou económicas. A sociedade neste momento para
além de uma crise financeira ou económica vive igualmente uma crise social, uma
crise de valores ou porque não igualmente uma crise cultural. Nada se observa,
nada se assiste, no fundo, nada acontece num pais que está parado, amarrado sem
alternativas para se poder libertar desse mesmo nada que o prende numa fábula
metafórica aos olhos de todos. Sendo que, as palavras não descrevem o que os olhos
veem, mas sim o que a nossa Sociedade lhes mostra. Nada mais restando que
apenas dizer sem o descrever, que insónias, noites em branco se tem. A
posteriori, fazendo lembrar um livro de Fiódor Dostoiévski, cujo título se
chama Noites Brancas, mas, no caso sem uma linda russa para nos curar as
maleitas do pensamento. Num qualquer rio as águas percorrem o leito, para trás
deixando as lembranças do tempo passado em inúmeras jornadas de efémeras
complacências, as mágoas de todos nós transportadas por entre terras e
labirintos. Na vida curta acompanhada por veredas desconhecidas, numa intensa
escuridão de alma cheia, um simples sonhador.
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